Produtivismo acadêmico: um mal necessário?

Geralmente eu coloco os créditos das imagens utilizadas no final do post, mas, desta vez eu vou começar por esta charge incrível que eu encontrei no Blog "Observatório da História". Não sei quem é o autor.

Eu estava justamente procurando uma imagem para ilustrar um slide de uma palestra sobre produtivismo acadêmico e não poderia ter encontrado uma melhor. Ela apresenta bem como a academia vem pressionado seus pesquisadores a publicar cada vez mais, com uma frequência absurda e em periódicos que se tornam cada dia mais exigentes. 
Mas, afinal, o que é produtivismo acadêmico?

• produtivismo acadêmico o fenômeno contemporâneo de avaliação de pesquisadores e de instituições com foco na quantidade de trabalhos publicados (2, 4).

No Brasil, o produtivismo está relacionado principalmente com o sistema de avaliação da pós-graduação pela Capes e com os critérios das agências de fomento para concessão de bolsas e de financiamento de projetos. Porém, essa é uma cultura que repercute nas avaliações internas das instituições e na vida acadêmica e profissional dos pesquisadores. 
A partir do produtivismo, fomenta-se um ambiente de forte competição entre os pares que, se por um lado pode colaborar para o desenvolvimento científico e tecnológico, por outro, pode contribuir para a degradação do ambiente de trabalho e das relações humanas, sem contar que cria-se um subtrato favorável para fraudes e transgressões éticas.
No entanto, essa é uma questão controversa, com diferentes argumentos, conforme sintetizados na figura abaixo: 

(Figura elaborada pela autora com base em: 1, 2, 3, 4 e 5)
A despeito das diferentes posições que se possa ter a respeito do produtivismo, penso que esse assunto pode nos levar a algumas reflexões:

1. O desenvolvimento científico só se alcança por meio da competição entre pesquisadores?
2. Será que a solidariedade, a parceria e a colaboração não seriam melhores promotoras desse desenvolvimento que a competição?
3. Os efeitos colaterais do produtivismo (perda de sentido, transgressões éticas, excesso de produção de pouca relevância, disputas etc.) não são justificativas bastante fortes para nos estimular a buscar alternativas para essa cultura?   

Referências:

1 - ADUSP. Choque de visões antagônicas marca debate sobre produtivismo acadêmico. Informativo 302. s.d. Blog. 

2 - DOMINGUES, E. Autoria em tempos de “produtivismo acadêmico” Psicologia em Estudo, Maringá, v. 18, n. 2, p. 195-198 abr./jun. 2013.

3 - GARCIA, C. C.; MARTRUCELLI, C. R. N.; ROSSILHO, M. M. F.; DENARDIN, O. V. P.. Autoria em artigos científicos: os novos desafios Rev Bras Cir Cardiovasc, v. 25. n. 4, p. 559-567, 2010. 

4 - PATRUS, R.; DANTAS, D. C.; SHIGAKI, H. B. O produtivismo acadêmico e seus impactos na pósgraduação stricto sensu: uma ameaça à solidariedade entre pares? Cad. EBAPE.BR, v.13, n. 1, artigo 1, 2015

5 - VIZEU, F.; MACADAR, M. A.; GRAEML, A. R. Produtivismo acadêmico baseado em uma perspectiva habermasiana. Cad. EBAPE.BR, v. 14, nº 4, Artigo 8, Rio de Janeiro, Out./Dez. 2016.


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