TCC: quem já viu um, viu todos?

Este post foi publicado originalmente em: Esacademic em março de 2020.

                               

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é um tipo de produção acadêmica necessária para a obtenção de um título (que pode ser de graduação, especialização, mestrado ou doutorado). No entanto, de forma geral, esta denominação é empregada para se referir aos trabalhos de conclusão de cursos de graduação e de especialização (LUBISCO; VIEIRA, 2019).

Este artigo trata dos TCCs de graduação, foco de um projeto de pesquisa recém-iniciado. Os resultados, portanto, são preliminares e se baseiam na primeira etapa da análise de 65 dissertações e teses que abordam o tema.

Nem todos os cursos têm TCC. Tudo vai depender do que consta no Projeto Pedagógico do Curso (PPC), o qual, por sua vez, idealmente, segue os Pareceres e as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso em questão, as recomendações dos Conselhos profissionais e as políticas institucionais.

No caso de o PPC determinar a necessidade de realização do TCC para a obtenção de grau, este documento deve especificar também: se o TCC tem caráter obrigatório ou é facultativo, se deve ser realizado individualmente ou em grupo, qual o seu formato, quem pode orientar, qual o prazo para sua realização etc.

Portanto, o PPC deve definir se o TCC terá formato de monografia, artigo, relato de experiência, vídeos, projetos etc. A tradição do campo costuma influenciar o tipo de TCC, por exemplo: nos cursos de direito, é comum que os TCCs tenham formato de monografia; enquanto cursos de arquitetura, em geral, determinam que os TCCs sejam em forma de projetos.

Além da tradição, citada anteriormente, também têm influenciado a diversidade de formatos de TCCs, os seguintes fatores:

1. a pressão do produtivismo acadêmico tem feito com que muitos cursos solicitem o TCC em forma de artigo, na esperança de que os discentes os publiquem e com isso colaborem para aumentar os índices de produção da instituição. É igualmente importante que os estudantes de graduação aprendam a produzir artigos para que os façam nos programas de pós-graduação, em uma possível carreira acadêmica ou mesmo em sua vida profissional não acadêmica.
2. por outro lado, a crítica ao tecnicismo tem embasado a decisão de alguns cursos em definir o TCC como algum instrumento de reflexão e de autodesenvolvimento, como os diários reflexivos, diários de formação, relatos de formação etc., adotados principalmente por cursos de licenciatura.
3. o aumento da diversidade nos cursos superiores tem provocado uma busca por outras formas de expressão do conhecimento, baseadas em experiências culturais diversas.
4. o avanço das tecnologias de comunicação também propicia o aparecimento de outros formatos de TCCs, como blogs, por exemplo.
5. a necessidade de conexão com a prática profissional favorece a disseminação de TCCs em formato de intervenções, projetos, produção de materiais etc.                                                

Além dessas perspectivas, de caráter mais social, a diversidade dos TCCs
deveria ser propiciada também pelas particularidades das pessoas
envolvidas em sua produção.
Ainda que estudantes de mesmo curso, que devem produzir o TCC
no mesmo formato, sob as mesmas normas, elaborem trabalhos sobre
o mesmo tema, cada um com seu estilo, com sua formação anterior,
com sua forma peculiar de olhar o mundo, deveria ser capaz de exercitar
sua autoria e produzir um trabalho claramente distinto dos demais.
Portanto, quem já viu um TCC deveria ter visto uma manifestação particular
de uma expressão sobre determinado tema, um trabalho único, que não
deveria ser confundido com qualquer outro.

Referências

LUBISCO, N. M. L.; VIEIRA, S. C. Manual de estilo acadêmico: trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses.6ª ed. Salvador: EDUFBA, 2019.

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