Espelho, espelho meu, existe no mundo alguém mais sabido do que eu? Os apelos à autocitação e ao autoplágio em trabalhos acadêmicos.
No post "Ainda sobre plágio (in?)voluntário e outras transgressões envolvendo citações e referências" considerei que muita gente pode cometer autoplágio em virtude de desconhecimento, ou seja, por não saber que se deve dar crédito às suas próprias publicações.
Mas, é claro que esse tema pode ser tratado desde diversas perspectivas (e eu pretendo explorar algumas delas em posts futuros). Neste momento, abordo o assunto a partir da pressão exercida pelo produtivismo acadêmico.
Chamo aqui de produtivismo acadêmico o fenômeno contemporâneo de avaliação de pesquisadores e de instituições com foco na quantidade de trabalhos publicados (você pode saber mais sobre isso aqui e aqui).
Tendo que publicar, sob o risco de perecer, os pesquisadores (que frequentemente são também professores, orientadores, coordenadores de laboratório, avaliadores, gestores etc. etc. etc.) precisam não apenas desenvolver pesquisas que produzam resultados relevantes para um dado campo do conhecimento, mas, também divulgar seus achados de maneira original.
Vai daí, que muita gente não dá conta e acaba por reproduzir trechos de trabalhos anteriores em publicações que deveriam ser inéditas, cometendo autoplágio.
Segundo o CNPq, o autoplágio
Então, o problema é que com as mesma ideias e, às vezes, com as mesmas palavras, o pesquisador consegue um número maior de publicações, com as quais vai competir (sim, eu disse competir, o mundo acadêmico é extremamente competitivo), pois é, vai competir com outros pesquisadores.
Mal comparando, seria mais ou menos como um atleta que usa anabolizante competindo com outro que não usa.
Bom, mas, é muito fácil contornar esse problema, basta que se faça a autocitação, não é?
Sim, é. Não se pode mais acusar de autoplágio, mas a questão de fundo continua: o pesquisador usou as mesmas ideias e/ou as mesmas palavras para conseguir mais publicações.
E aparece mais um complicador: acontece que não apenas o número de publicações conta, mas o número de citações também.
Assim, com a autocitação, o pesquisador pode inflar os números que avaliam sua influência sobre outros pesquisadores (embora índices e fatores de impacto de relevância já excluam as autocitações de seus cálculos).
Ou seja, o entendimento atual é que autoplágio e autocitação, além de não contribuírem com a inovação no campo científico, também atacam os preceitos de meritocracia e criam distorções nas competições por prestígio e recursos.
No entanto, parafraseando nossas queridas avós: bom senso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Então, um pouco de bom senso aqui.
Sim, é perfeitamente compreensível que o pesquisador tenha que fazer referências a trabalhos anteriores de sua autoria. Quando isso for necessário, que se faça a autocitação e que ela não seja contada nos fatores de impactos. Não parece ser o fim do mundo, afinal.
Referência:
CNPq. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Portaria PO-085-2011.
Mas, é claro que esse tema pode ser tratado desde diversas perspectivas (e eu pretendo explorar algumas delas em posts futuros). Neste momento, abordo o assunto a partir da pressão exercida pelo produtivismo acadêmico.
Chamo aqui de produtivismo acadêmico o fenômeno contemporâneo de avaliação de pesquisadores e de instituições com foco na quantidade de trabalhos publicados (você pode saber mais sobre isso aqui e aqui).
Tendo que publicar, sob o risco de perecer, os pesquisadores (que frequentemente são também professores, orientadores, coordenadores de laboratório, avaliadores, gestores etc. etc. etc.) precisam não apenas desenvolver pesquisas que produzam resultados relevantes para um dado campo do conhecimento, mas, também divulgar seus achados de maneira original.
Vai daí, que muita gente não dá conta e acaba por reproduzir trechos de trabalhos anteriores em publicações que deveriam ser inéditas, cometendo autoplágio.
Segundo o CNPq, o autoplágio
consiste na apresentação total ou parcial de textos já publicados pelo mesmo autor, sem as devidas referências aos trabalhos anteriores.Mas, se foi a própria pessoa que escreveu, qual o problema? Você deve estar se perguntando.
Então, o problema é que com as mesma ideias e, às vezes, com as mesmas palavras, o pesquisador consegue um número maior de publicações, com as quais vai competir (sim, eu disse competir, o mundo acadêmico é extremamente competitivo), pois é, vai competir com outros pesquisadores.
Mal comparando, seria mais ou menos como um atleta que usa anabolizante competindo com outro que não usa.
Bom, mas, é muito fácil contornar esse problema, basta que se faça a autocitação, não é?
Sim, é. Não se pode mais acusar de autoplágio, mas a questão de fundo continua: o pesquisador usou as mesmas ideias e/ou as mesmas palavras para conseguir mais publicações.
E aparece mais um complicador: acontece que não apenas o número de publicações conta, mas o número de citações também.
Assim, com a autocitação, o pesquisador pode inflar os números que avaliam sua influência sobre outros pesquisadores (embora índices e fatores de impacto de relevância já excluam as autocitações de seus cálculos).
Ou seja, o entendimento atual é que autoplágio e autocitação, além de não contribuírem com a inovação no campo científico, também atacam os preceitos de meritocracia e criam distorções nas competições por prestígio e recursos.
No entanto, parafraseando nossas queridas avós: bom senso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.
Então, um pouco de bom senso aqui.
Sim, é perfeitamente compreensível que o pesquisador tenha que fazer referências a trabalhos anteriores de sua autoria. Quando isso for necessário, que se faça a autocitação e que ela não seja contada nos fatores de impactos. Não parece ser o fim do mundo, afinal.
Referência:
CNPq. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Portaria PO-085-2011.
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