No
curso de Licenciatura em Ciências com Habilitação em Biologia, que conclui em
1987, em uma universidade privada, não havia exigência de realização de Trabalho
de Conclusão Curso (TCC), também não éramos estimulados a desenvolver projetos,
participar de eventos ou produzir trabalhos visando à publicação. Outros
tempos.
Na
verdade, as exigências de apresentação de TCC nos cursos de graduação no Brasil
surgiram década de 1980, com intensificação nos anos seguintes, entre outros
motivos, devido à necessidade de buscar novas abordagens que colaborassem para
aumentar a autonomia dos estudantes e superar tanto a dicotomia teoria e
prática quanto a fragmentação disciplinar dos cursos, promovendo, em tese, uma
melhor formação profissional (ALMEIDA, 2005).
A partir da década de 1990, com a ênfase da
avaliação da pós-graduação colocada na produção científica, começou-se também a
se cobrar uma melhor preparação dos alunos da graduação para realização de
trabalhos acadêmicos (ALMEIDA, 2005; AZEVEDO, 2011).
Apesar das novas exigências advindas da introdução do TCC nos cursos de graduação, não me parece que as instituições, de maneira geral, tenham se preocupado em fomentar espaços e promover estratégias para o desenvolvimento das habilidades necessárias para a produção científica, destacando aqui, as relacionadas com a redação.
Apesar das novas exigências advindas da introdução do TCC nos cursos de graduação, não me parece que as instituições, de maneira geral, tenham se preocupado em fomentar espaços e promover estratégias para o desenvolvimento das habilidades necessárias para a produção científica, destacando aqui, as relacionadas com a redação.
Como no meu curso de
graduação não havia este tipo de preocupação, fui aprender a realizar pesquisa
apenas na pós-graduação lato sensu.
Quem me ensinou a pesquisar e a redigir textos científicos foi meu orientador. Creio que minha experiência constitui-se mesmo a regra: em geral é o orientador o responsável por introduzir o estudante no mundo da produção acadêmica. Sem uma preparação específica para essa função, via de regar, o orientador modela seu fazer a partir da sua experiência como orientado (AZEVEDO, 2011).
Quem me ensinou a pesquisar e a redigir textos científicos foi meu orientador. Creio que minha experiência constitui-se mesmo a regra: em geral é o orientador o responsável por introduzir o estudante no mundo da produção acadêmica. Sem uma preparação específica para essa função, via de regar, o orientador modela seu fazer a partir da sua experiência como orientado (AZEVEDO, 2011).
No mestrado, tive a oportunidade de participar
de diversos eventos, apresentado resultados parciais de minha pesquisa em
andamento. Esse processo foi muito proveitoso, pois, escrever os trabalhos para
submissão, receber os pareceres dos avaliadores e ouvir questionamentos,
críticas e sugestões durante as apresentações levaram ao aprimoramento não
apenas da pesquisa em si, mas também do texto final da dissertação e das
publicações dela decorrentes.
A
partir do doutorado, minha preocupação passou a ser não apenas publicar, mas
também onde publicar, pois foi se tornando evidente a diferenciação que havia
entre os veículos de comunicação científica.
Com minha inserção como docente em um programa de pós-graduação, pude entender melhor a pressão por produção exercida pelos órgãos reguladores e de fomento.
Com minha inserção como docente em um programa de pós-graduação, pude entender melhor a pressão por produção exercida pelos órgãos reguladores e de fomento.
- apresentar trabalhos em eventos colabora para a correção ou fortalecimento da pesquisa em andamento e agiliza a divulgação de resultados;
- livros ou capítulos podem ajudar a divulgar a pesquisa para públicos específicos;
- porém, nos processos de seleção (de pós-graduação ou de emprego), na progressão de carreira e nas competições por recursos, o que conta mesmo são as publicações em periódicos renomados (por exemplo, Qualis A).
Referências
ALMEIDA,
M. S. C. Ensino do direito na graduação: o impacto dos trabalhos de
conclusão de curso nas IES de Manaus (AM) – 2002/04. Dissertação (mestrado
em Direito). Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2005.
AZEVEDO,
M. R. C. Ensinar a pesquisar: o que aprendem docentes universitários que
orientam monografias? Tese (doutorando em Educação Brasileira).
Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2011.
Crédito da Imagem:
Photo by Jamie Street on Unsplash
Obervação: este post é baseado na minha contribuição para o e-book (em construção) do 47 Ciclo de Seminários do Programa de Pós-graduação Educação para a Ciência da UNESP de Bauru e foi publicado com a autorização da comissão organizadora do evento.
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